Entrada #12: O dilema das datas dos aniversários e suas comemorações
E como nossos interesses mudam com o passar da idade e como pode ou não ser legal fazer aniversário no Halloween.

O medo nas minhas duas gestações: a data que meus filhos iriam nascer. Quanto drama, eu sei. Claro que a chegada de bebês inspira todos os tipos de preocupações: o parto em si, a amamentação, os itens do enxoval e tantas outras, mas, uma que me era bem latente, que foi objeto de conversa no consultório da obstetra por mais de uma vez era o dia que eles nasceriam.
Meu primogênito corria o risco de nascer na famosa “semana do saco cheio”. Não sei se em todas as regiões isso é uma realidade, mas a semana se saco cheio é numa semana em outubro em que há Dia das Crianças, Dia dos Professores e dia de Nossa Sra. Aparecida. Uma semana deliciosa para os que podem folgar e um pesadelo para os que ficam de fora.
Minha filha, a mais nova, não tinha nem jeito. Nasceria em julho mesmo. No começo ou no fim, tanto faz, era no mês de férias escolares. Não havia esperança.
E não, essa preocupação com a data de nascimento não tem relação com o sucesso deles na vida adulta. Malcolm Gladwell1 certamente encontrou um nicho das mães que tem essa preocupação, mas, a minha, estava mais precária, primitiva e, falando o português correto, fútil.
Para as crianças, o aniversário em férias e feriados é um terror. A comemoração, ou melhor, a falta dela, dura todo o período escolar e, talvez, até depois. Na escola, não há parabéns, pelo menos não no dia correto, nas festinhas o RSVP gira em torno de “estaremos viajando” e “temos visitas de fora em casa”. Ninguém se lembra daquele amigo que assoprou velinhas enquanto curte as praias do nordeste.
Mas, o mundo é generoso, o universo se equilibra e meu lado Pollyana (bem adormecido, mas existente) enxerga que, com o passar dos anos fazer aniversário em datas festivas é o suprassumo das comemorações.
É a salvação dos encontros, a desculpa ideal para fazer um amigo secreto de Natal com um bolinho de aniversário. O carnaval é prato cheio para os churrascos infinitos que servem como pano de fundo para os parabéns. E quem que não se anima com um aniversário com tema de Halloween?
Com o passar do tempo, os aniversários são motivos mais para reunir do que para saber quantos anos se faz, é subterfúgio para um brinde, para ver amigos e familiares, para comer doces sem culpa. A cada ano que se passa, menos importa se a comemoração é no dia de fato, é preciso mesmo celebrar a vida, o aniversário é de todos que lá estão.
E como mãe pensa, se preocupa mais ainda e, no fim, pouco decide, minha filha nasceu em julho. Que sorte a dela! Terá tantos anos de festa com macarons2 quanto a vida permitir. C'est merveilleux!
Em seu livro Outliers, Malcolm Gladwell discorre sobre o fator determinante que a data de nascimento de uma pessoa pode ter numa relação direta com seu sucesso profissional.
Minha filha nasceu dia 14 de julho, dia da queda da Bastilha.
Essa preocupação do dia eu não tive (tenho), mas que signo vai ser...hahaha, tenho bastante!
Foi minha preocupação também aqui, semano do saco cheio 😂😂