Moro numa terra de encontros
Entrada #29. Meu primeiro texto que será publicado numa antologia.
Nota introdutória: Escrevi esse texto para a antologia Terra, do Selo Off Flip, que será publicada esse ano. Fiquei ainda mais feliz com a notícia, dessa semana, de que ele foi escolhido para figurar nos destaques do livro. Ano passado, me aventurei em deixar pública minha escrita e, em meio à dúvidas e frios na barriga, tem sido uma experiência maravilhosa. Obrigada por lerem e me apoiarem. Sem dúvida alguma, sem vocês, meus leitores, nada disso estaria acontecendo. O lançamento da antologia será em Paraty, na programação do Selo Off Flip durante a FLIP
Comprei um globo terrestre para decorar a estante de livros da minha casa. Parecia apropriado, um clichê na medida certa, um toque intelectual forçado, porém agradável.
Marcamos férias em família e, com passagens compradas, peguei o globo na tentativa de explicar aos meus filhos que iríamos longe, que seria preciso carro, avião e trem para que chegássemos ao nosso destino. Tracei com os dedos o caminho que faríamos no mapa enquanto pequenos dedos seguravam o globo com tamanho fascínio.
Globo: um artefato humano que criamos para representar em escala reduzida esse fenômeno da natureza onde habitamos e que, nós, humanos, optamos por acrescentar linhas e divisões geográficas.
Durante anos travamos guerras que alteraram fronteiras, países foram criados, unificados e dizimados. Criamos nações, nomeamos continentes, nos dividimos em grupos econômicos e partidos políticos.
Somos definidos de acordo com os tipos climáticos, nos distinguimos por culturas, trajes e idiomas. Limites, muros, cercas, tribos, povos, bandeiras, etnias, raças e religiões são algumas das várias criações que nos separam.
Na sede pelo pertencimento e por algo que nos torne únicos, nos separamos e nos segregamos. Criamos barreiras aparentemente instransponíveis.
Contudo, quando pego o globo, aquele da minha estante, quero falar de outro mundo, aquele onde o pertencimento aproxima e agrega.
Esse outro mundo tem pontes que interligam pessoas e passagens que nos permite ir, estar e voltar. Há aviões e barcos que nos movimentam e impulsionam. Construímos laços em parques e praças. Vamos às praias para explorar nossos horizontes.
Quero o telefone e os correios eletrônicos para conectar amigos e famílias. Quero o mundo da internet para estar em todos os lugares. Quero as estradas para diminuir distâncias e os livros para acumular cultura e história.
E esse é mundo que vou apresentar aos meus filhos. Vou levá-los para conhecer rios e oceanos que todos partilhamos, fazê-los olhar para o céu para ver as nuvens que visitam a todos nós, mostrar a eles as tantas estrelas que compartilhamos.
Na minha terra dos encontros, a visão expande e o mundo encolhe. Não há segregações, há somente a terra que dividimos embaixo de nós.
Muito bom, Isadora. Grande conquista. Parabéns! Desejo que seja a primeira publicação de muitas.
Parabéns, fico orgulhoso pela conquista e importância em estar como participante em Parati. De outro modo, como avó saber que meus netos estão tendo a oportunidade de conhecer outros horizontes e a importância .