Caro Leitor,
Sinto que não havia acertado o tom do Janelas Literárias até então. Embora um assunto muito querido e especial para mim, creio que meus textos anteriores não chegaram a vocês exprimindo tudo que sinto e que gostaria de transmitir.
Todos os temas que envolvem minhas leituras são pessoais e, da forma como estava sendo feito, o conteúdo que estava em mim, na minha cabeça e meu coração não chegavam a você na completude e potencial devido.
Com o clichê intrínseco que o tema traz consigo, os livros são meus amigos, meus aliados e me acompanham, bem, desde quando aprendi a ler. Pensando nisso tudo e com o objetivo de compartilhar mais desse mundo que me encanta, mudo o formato desta seção do Janelas que, a partir de agora, será por cartas.
Ah...as cartas. Old but gold!
Para iniciar este novo formato, escrevo a você para que não cometa o mesmo erro que eu, ou seja, o de não registrar suas leituras.
Como sonho pelos meus registros dos livros lidos, pelos títulos que mais me falaram ao coração, gostaria tanto de saber quais são aqueles que mais gostei., que me moldaram, que mudaram a minha visão de vida. E quais são aqueles que marcaram minha infância, minha adolescência, minha vida adulta até o momento.
Quisera eu saber todos aqueles que li e não gostei, os que li na fase errada, os que me provocaram, me irritaram, me encantaram, me aguçaram. Como gostaria de lembrar daqueles que abandonei, daqueles que retornaram, ou mesmo aqueles que ficaram lá e simplesmente não foram lidos.
Cadê os nomes dos livros que li quando tinha, 8, 12, 24 anos? Quais são aqueles livros que li durante a pandemia, os que levei em viagens? Quais são aqueles que li em sua língua original, os que acertei na escolha da tradução, os que comprei pensando somente na capa, os que li por indicação?
Quais são aqueles que ganhei, que achei, que encontrei por aí?
Se eu soubesse, ah se eu soubesse! a proporção entre os clássicos, os de ficção, os de biografia, os brasileiros, os estrangeiros... Seria eu uma leitora melhor se soubesse quantos livros li e leio por ano, por mês, por semana? Se soubesse os autores que escolho reiteradamente ou de qual país de origem tenho preferência, saberia mais sobre literatura ou sobre mim?
Tenho curiosidade para saber quantos lidos da Agatha Christie, quantas vezes li cada volume de Harry Potter, e quais títulos do Fernando Sabino foram.
Tentei tantas listas, caderninhos, aplicativos e mecanismos de rastreio e compilação desses dados e nada nunca persistiu, nada “colou”. Não me lembrava de alimentar esses sistemas, não por desconhecer da importância, mas por falha humana ou mesmo ganância de ler.
Como seria bom esse histórico e esse banco de dados. Poderia compartilhar com você, Leitor, tudinho, tintim por tintim. Na falta disso, teremos que nos contentar com o presente, futuro e as reminiscências do passado, que a memória há de ajudar.
Obrigada por ouvir meus lamentos. Essa tristeza me visita de tempos em tempos quando, então, leio e me esqueço. Mas, faça a você um favor: anote, de alguma forma, seus registros para não sofrer desse mal que me acomete.
Uns podem dizer que ainda não é tarde, que sou jovem. Mas o problema é crônico, Leitor, e o autoconhecimento, nesse quesito ao menos!, existe.
Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.
Escreverei, novamente, em breve, e com assuntos mais alegres.
E esse texto não é só sobre livros...
você traduziu um sentimento tão especifico que de vez em sempre passa por dentro de mim…foram tantas as emoções com os livros, algumas que vieram umas atrás das outras tão rápido que acho que nem se quisesse registrar conseguiria. li livros com tanta força que se me perguntar da história talvez eu não saiba por inteira, mas sei de tudo que senti. acho que essas marcas são nossos registros de certa forma! obrigada pelo post ❤️