Semana que vem faz 8 anos que li o livro Livre, escrito por Cheryl Strayed.
Quando li esse livro, eu estava numa época em que algumas mudanças aconteceram em minha vida, todas positivas (ufa!) e, por isso mesmo, acho que me deixei levar pela sensação libertadora e gostosa de sentir a vida de outra pessoa através de sua própria narrativa. Palavras e sentimentos de alguém que estava em busca de respostas e, talvez, precisando de mudanças ela mesmo.
A história da Cheryl Strayed, de quando ela tinha 22 anos, foi retratada durante as páginas desse livro quando ela resolveu trilhar a Pacific Crest Trail, a PCT.
Essa trilha, que corre pela costa oeste dos Estados Unidos, atravessa estados e passa por desertos e montanhas. Quem as escolhe trilhar passa por períodos sem água disponível, precisa aprender a se proteger de animais selvagens, estar preparado para enfrentar temperaturas extremas, e, mais forte que tudo, lidar com a solidão de escutar os próprios pensamentos por dias e dias.
Estamos na quaresma e reflito hoje que talvez esse me livro veio à tona justamente por estar vivendo um período de reflexões e por ser um ano em que tudo que tenho parece ter um valor tão alto que há um medo à espreita em perder tanto.
Será que envelhecer é isso? Ficar cada vez mais preocupada? Medrosa? Pesarosa com as decisões, com os dias que estão por vir?
Lembro da literatura e como meus pensamentos já foram amparados por ela nessas reflexões. Sinto como se tivesse ao lado, vendo essas pessoas, também escritores, caminharem por suas trilhas escolhidas em rumo ao conhecimento próprio e despertar íntimo que a solidão pode proporcionar.
São caminhos que exigem bastante esforço físico, assim como as penitências, e que forçam o encontro com os pensamentos mais profundos e, por vezes, mais temidos de serem encarados.
Como saem essas pessoas, ao final de suas trilhas? Não sei, ainda não fiz uma. Mas creio que saem mais sábias, mais leves e, na proporção do cansaço físico, mais destemidas. Porque a vida de quem escolha a enfrentar esse desafio deve ser recompensada.
Meu pai, pela segunda vez, está fazendo o percurso do Caminho da Fé, de bike. Os motivos dele são privados demais para serem divididos, mas a graça divina que o acompanha nesse trajeto é grande demais para não ser mencionada.
Perguntarei a ele as recompensas, as dificuldades e, quem sabe, seus pensamentos. As palavras ficarão naquele diálogo entre nós, mas com vocês, posso dividir histórias de outros, que tanto me encantaram e me servem de inspiração para o dia em que eu tiver a coragem necessária para fazer a minha trilha.
Cem Dias Entre Céu e Mar, por Amyr Klink;
Paratii – Entre Dois Polos, por Amyr Klink (sim, sou fã)
Livre, por Cheryl Strayd
Cade Você, Bernadette? - livros de ficção também são interessantes e nos trazem insight bacanas
Nós, por Tamara Klink. Ainda não li, mas tenho lido a respeito e estou muito interessada.