Entrada #19: Pensar por si e a liberdade intelectual
Pensamento crítico em falta e excesso de escolhas delegadas.

Está tudo pronto.
As soluções estão aí, à disposição de um clique. Seja no link na bio, do ebook ou do vídeo de alguns segundos. Nem mais o famoso Google sabe. Afinal, nele é preciso, primeiro, saber qual é a pergunta. Para, depois, organizar a dúvida, escrever ou falar com coerência. Na sequência, há a pesquisa, leitura das respostas, mais pesquisa, reformulação da frase, e por aí vai. Mas tudo isso já é ultrapassado.
Se você não faturou milhões enquanto estava de férias é simplesmente porque não seguiu as dicas de fulano. Se não alcançou aquele tanto de visualizações, você não foi no “vem comigo”. A solução daquele problema, que você nem ao menos sabia, já estava na ponta da língua, só que de outra pessoa.
Não gostou daquele filme e não leu aquele livro? Você não tem conhecimento da história e não entende de cultura. Deixa se filho usar o celular na escola? Não sabe ser mãe.
Em terra online, ninguém sabe nada, mas todos sabem tudo.
Não se engane, Leitor, eu também gosto quando a solução está fácil, traçada e já testada. Só que a reincidência dessa facilidade, das escolhas e decisões já prontas, à disposição, nos deixa preguiçosos.
Ler, estudar, testar, tentar de novo, criticar e voltar a fazer, refazer, e tudo isso do seu jeito, ultimamente parece trabalho de burro, afinal, a solução está a um clique, sempre.
Errar, então, não é nem uma opção. Seja pela urgência que a vida nos demanda, seja pelo preconceito que há no errar, não há mais espaço para esse verbo. Esquecemos, talvez, que com o erro lições valiosas são aprendidas. “Errar para os olhos do mundo é uma forma de acertar o caminho pessoal”, como ouvi de uma pessoa importante.
E, assim, deixamos e vamos nos acostumando até que um dia nem notamos as tantas escolhas que são feitas por nós. Nossas liberdades se vão, mas está tudo bem, tem um especialista ali para te falar o que é melhor para você.
Por fim, lembremos dos gênios, que mesmo poucos, mudam a vida de vários. Não sei o que eles fizeram para serem gênios, no entanto, alguma coisa ou outro podemos aprender com eles. Para começar, eles fogem das soluções prontas e da resposta no lugar comum. Pensam diferente e por conta própria e sabem escolher num mundo de escolhas prontas.
Pronto para sua próxima escolha?