Entrada #16: Sorria, você está sendo filmado
O que os drones veriam se sobrevoassem você durante um dia?
Os drones agora invadem minha casa. Não bastasse a abundante área geográfica dos EUA, agora os drones estão ali em meio à minha casa tantas as vezes que ouvi esse assunto durante a última semana. É inegável, o assunto fascina aqueles que me rodeiam.
Em meio às notícias e conspirações, impossível não me sentir numa espécie de episódio de Black Mirror misturado com um daqueles vários filmes americanos em que o mundo está acabando - pela milésima vez. A seguinte cena se desenrola: pessoas andando na rua enquanto centenas de drones sobrevoam suas cabeças, bem no estilo Hitchcock, no filme “Os Pássaros”. Algo assustador!
Mas seria mesmo assustador? Não estamos todos já acostumados com o estilo de vida “sorria, você está sendo filmado”?
Em tempos de vigilância excessiva, era de se esperar que a curiosidade alheia não mais nos incomodasse.
Para além da curiosidade que todos nós estamos para sabermos de onde esses drones vem e para que eles estão nos sobrevoando, não tiro minha mente da seguinte pergunta: que eles veriam em você caso te acompanhassem durante um dia inteiro? Seriam seus atos e atitudes diferentes? Ou você continuaria fazendo a mesma coisa que anda fazendo agora?
Me pergunto se todos nós mudamos nossos atos desde o início dessa supervigilância ou se estamos apenas numa época mais tech da famosa questão “o que você faz quando ninguém está olhando?”
Estamos mais presos em nossos atos já que há tantos olhares nos observando? Quero saber em que ponto regulamos o que fazemos com base na chance de ter alguém ali, atrás das câmeras, nos bisbilhotando. Ou então, tentamos ser pessoas melhores sob a rédea da moral alheia? E se sim, seria a atitude verdadeira?
Leitor, eu não tenho as respostas para essas perguntas, os drones não me deixam em paz. Eles tumultuam minha cabeça e invadem meus pensamentos. Não consigo pensar.
Mas, talvez, não fizéssemos nada de diferente. Se os drones incomodam, talvez seja só um sintoma da saudade da nossa privacidade, aquela que ficou lá nos anos 2000.
Por favor, Srs. Drones, respeitem o meu espaço aéreo pessoal!
A foto ilustra perfeitamente o texto hehe