A arte dos encontros: Como se reunir e a importância de estar perto dos outros
Em épocas festivas, nada melhor do que dicas sobre como receber e realizar eventos e encontros.
Quando li o livro The Art of Gathering: How We Meet and Why It Matters, não existia sua versão traduzida para o português. Ou seja, faz um tempinho, já. Queria me recordar de como encontrei esse livro, mas, infelizmente, não consigo. O que me lembro bem é de ter sido uma leitura prazerosa, interessante e, mais importante, com várias aplicações práticas.
Por que pensei em trazer esse livro aqui? Pois chegamos na época mais festiva do ano: Natal e Ano Novo e, no meio, todos os tipos de confraternizações e encontros possíveis e desejados. Acredito que esse livro possa te ajudar, assim como me ajudou, a ser mais confiante e a ter uma espécie de script para quando organizar um evento, por mais simples e descontraído que seja. São dicas que vão desde um junta-prato até um evento de negócios.
Então, se você gosta de chamar amigos na sua casa para um churrasco, reservar uma mesa no restaurante para comemorar seu aniversário, ou então organizar eventos para seus clientes, esse livro é para você.
Trago abaixo algumas das coisas que aprendi no livro e que levo para a vida. Vejam:
1. Tenha um objetivo claro.
É para assistir a um jogo de futebol? Vão comemorar a formatura de alguém? É um aniversário? Casa nova? Noivado?
Deixe claro o motivo pelo qual o evento irá acontecer. Nada mais desagradável do que o convidado chegar e não saber do que se trata o encontro. Ou, então, comer um deslize e não levar um presente, caso a data exigia um.
O objetivo inclui a preparação do convidado, a explicação do que ele deve encontrar, ate mesmo que tipo de roupa ir. Uma ideia é, inclusive, mencionar o nome das demais pessoas convidadas para já criar uma antecipação da reunião.
No Brasil, temos uma postura um tanto mais descontraída e informal e o livro adota mais um padrão americano e europeu. Mesmo assim, acredito bastante em vários dos guias trazidos pela autora e vejo alguns como uma oportunidade de refletirmos se faz sentido ou não, ao menos em partes.
Trago aqui, como exemplo, deixar claro o horário de término do evento. São raras as situações que temos horário para o fim de uma festa, de um churrasco, de um café da tarde. Quando isso acontece, geralmente é num salão de festa infantil, ou algo que dependa de uma organização mais extrema.
Mas, faça um exercício e pense o quão confortável poderia ser se você, na posição de convidado, soubesse até que horas vai ser o jantar na casa de seu amigo. Ou, melhor, que horas a pizza será servida. Evita-se aquela indagação silenciosa entre todos do tipo “será que está na hora de irmos embora?” Está atrasado? Ok, acontece com as melhores pessoas, mas saber se chegará bem no meio do jantar ou a tempo pode deixar tudo mais leve.
Eu tentei essa técnica algumas vezes e confesso que gostei muito do resultado. Meu filho tinha acabado de nascer e achei que era uma oportunidade e tanto para testar essa dica. Assim fiz, ao convidar pessoas para conhecê-lo, fiz um café da tarde na minha casa e inclui o horário que seria de início e término. Além disso, comentava com cada convidado quem mais estava sendo chamado naquele dia na minha casa. Recebi um retorno muito positivo. Penso que todos podem se sentir mais confortáveis sabendo que aquele tempo foi planejado com carinho e dedicação total para recebê-los.
2. Assuma a posição de anfitrião.
Ou seja, faça seu papel em receber as pessoas e faça-o bem-feito. Isso inclui apresentar os demais convidados e explicar como funcionará: é serviço com garçom ou cada um se serve? Onde ficam os banheiros? Posso deixar minha bolsa no sofá mesmo?
Um ponto que me chamou a atenção e que percebi que nunca havia me atentado inteiramente é com relação às apresentações. É comum, ou deveria ser, o anfitrião apresentar os convidados entre si. “Patricia, essa é a Angela” e vice-versa. Isso, sem dúvida alguma é o mais educado a fazer, mas, será que faz com que as pessoas se socializem entre si, umas com as outras mesmo que não se conheçam previamente?
A única pessoa que sabe exatamente todos que estão em determinada reunião é o anfitrião então, está com ele o poder do confraternizar com o máximo de proveito.
Ou seja, cabe ao anfitrião fazer uma pequena introdução sabendo que haverá pontos de conexão com a outra pessoa. No nosso exemplo, a Angela adora viajar para a praia e a Patricia acabou de voltar de uma viagem com esse destino. Olha que informação interessante para que haja um tópico de início de conversa.
Convido você a testar essa dica não somente quando se é anfitrião, mas em outras situações corriqueiras da vida. É mais educado e mostra que você tem uma facilidade com comunicação.
O livro traz uma gama de exemplos e situações muito diversas, e as dicas são inúmeras. Confesso que me diverti nos casos trazidos e é possível aprender bastante com eles.
A arte de receber não é finita e nem mesmo possui um rol taxativo. Como o próprio nome diz, é uma arte e, portanto, possui várias facetas. É como tudo na vida, a prática leva a perfeição. Portanto, convide e não tenha medo em ser um anfitrião. Nós, brasileiros, já temos a vantagem do calor da receptividade. O resto…ora, são detalhes. Mas detalhes muito bons!